A Doce Inocência

por junho/2011Crônicas0 Comentários

Ela nasceu na pequena cidade de Simão Dias, Lá no nosso querido Estado de Sergipe.

Quando completou a maioridade, ela pôde realizar seu grande sonho. Vir morar no Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, cheia de encantos e belezas.

Veio, viu e quase venceu.

Estabeleceu-se no bairro de Neves, aqui em São Gonçalo. Conseguiu um emprego razoável, como funcionária pública.

Anos mais tarde, trouxe a sua mãezinha, para morar bem mais perto do seu coração. Sua mãe, e os demais membros da família, foram morar na baixada fluminense (Belford Roxo).

Ah! Já estava me esquecendo o porquê do “quase venceu” acima citado. O motivo da tristeza da minha amiga era que ela, até então, não havia encontrado aquele ser que iria dividir as preocupações do dia a dia e com quem faria um dueto no ronco noturno. Aquele “chão adorável”. Sim, um simples homem. Alguns vieram e passaram como “água no rio”. Nenhum formou “um lago de amor perene“.

Convidada para passar um domingo na casa de uma amiga, lá no bairro do Flamengo, minha amiga Lindinalva, depois de pensar um pouco, resolveu quebrar a rotina de todos os domingos, e lá se foi.

Ponto de ônibus

Foto: Garbowski

Já eram 19 horas quando ela saiu da casa da amiga, alegando que era tarde e tinha que retornar para sua casa porque morava longe.

Ao chegar no ponto de parada do ônibus, na praia do Flamengo, havia bem umas dez pessoas esperando pelos coletivos, inclusive aquele senhor bem apessoado, ar distinto, cabelos quase grisalhos, traje sóbrio, um cavalheiro gentil com certeza.

Minha amiga começou a “viajar nos sonhos”, a pensar em todos os tipos de fantasias.

Ele deu uma olhada discreta para ela, que, mais que depressa, ajeitou a gola da blusa deixando-a a mostra um cordão de ouro e uma medalha de Santo Antonio, seu santo protetor, a qual apertou por um rápido momento, ela nem notou quando, ele olhou admirado para o cordão. Disfarçando a emoção ela levantou o braço para espiar a hora do relógio, moderno e valioso que estava no seu pulso, marcava 19:30.

O ônibus chegou minha amiga fez menção de pegá-lo, porém pensou que não poderia deixar passar aquela oportunidade de conhecer o “homem ideal”, talvez o “homem de sua vida“.

A parada ficou vazia, somente os dois ficaram frente a frente. O pretenso namorado caminhou em sua direção como se fosse finalmente falar algo. Ela tremeu. Porém neste momento, chegou, não se sabe de onde, um jovem que ficou aguardando um ônibus.

Ela olhou o relógio mais uma vez, eram 20:15. Impaciente, e já nervosa, ela então pegou sua bolsa, abriu a carteira de dinheiro e tirou uma nota. Pensando com “seus botões”, quem sabe ele acha que eu vou pegar o ônibus e se define logo?

Ela fez sinal. Parou um coletivo. O jovem correu na frente e embarcou. Ela aproveitou e voltou a olhar o relógio, eram 21:00. Esperançosa, e carente de afeto, desistiu de ir.

Pensou: – Vou dar a última chance.

Finalmente sozinhos, o homem então falou: – Vou te roubar.

Minha amiga, perplexa, retrucou: – O senhor vai roubar meu coração?

– Quero é o cordão, o relógio e a sua bolsa.

Minha amiga, ainda incrédula, acordou quando o ladrão disse-lhe: – Pra que serve um coração?


Veja outra história sobre essa minha amiga aqui.

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