Caixa de Brinquedos

por outubro/2009Poesias0 Comentários

Caixa de brinquedos

Foto: M Anima

No meio da sala
Um furacão.
A caixa de brinquedos
Esparramada no chão.
— Pedrinho essa não!
— Mãe querida
Foi sem querer.
— Não quero nem saber.
— Eu vou arrumar, tudinho.
— Rapidinho!
E o menino se pôs
A encaixotar:
Uma velha fieira
Um pião sem ponteira.
Um cavalo de pau sem crina
Uma furada piscina.
Uma motocicleta sem corda
Um carrinho sem roda.
Um relógio sem ponteiro
Um uniforme de escoteiro.
Um velho gibi
Uma perna de siri.
Um boneco perneta
Uma onça sem cabeça.
Uma caneca de plástico
Uma atiradeira de elástico.
Um cachorro de pelúcia
Um saco cheio de astúcia.
Um escudo do Vasco
Um pirulito gasto.

Caixa de Brinquedos

Foto: CTD 2005

Um grilo falante
Um pente sem dente.
Uma peteca sem pena
Uma pena de pavão.
Uma bola de gude
Um papel de bala ruth
Um time de botão sem goleiro.
Um alçapão sem poleiro.
Um balão japonês sem bucha.
Um retrato da Xuxa.
Um santinho da primeira comunhão.
Um pequenino coração.
Um tênis surrado
Um chiclete grudado.
Um pouco de malcriação
Uma porção de perdão.
Vários não espalhados
Só um sim encontrado.
Uma lágrima esquecida
Muitos sorrisos achados.
Um beijinho de avó
Uma moedinha do avô.
Uma receita do doutor
Um remédio que expirou.
Um mau humor de pai
Um carinho de mãe.
Na caixa tudo vai.
Uma pequena criança
Uma grande criação.
— Mãe, acabei.
A mãe o abraça e sorri.

Esta poesia faz parte do meu livro Caixa de Brinquedos.

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