Férias de Julho (no ônibus)

por julho/2010Crônicas0 Comentários

Resolvi tirar uns dias de descanso, sair da rotina, dar uns dias de folga aos meus filhos, à empregada, ao cachorro e ao papagaio.

Saímos de “nossa” São Gonçalo, numa noite chuvosa. Eu, minha “cara metade”, minha irmã e meu cunhado.

Na Rodoviária, nossas mulheres estavam preocupadas, pois se no Rio estava frio, imagina em Poços de Caldas, cidade para onde iríamos.

Eu e meu cunhado resolvemos fazer um “depósito” no banheiro. Pagamos a taxa de praxe, aliás, é melhor pagar do que ser grátis e só poder entrar no recinto usando máscara contra gases.

Dentro do banheiro, deparamos com aquele rapaz travando uma “briga” com a torneira do lavatório. Tentava rodar à direita, nada. Tentava rodar à esquerda, nada. Empregava mais força e nada de sair água. Tamanho esforço fez com que todos ficassem olhando aquela “batalha”. Com cara de derrotado, “mirou” a saída, quando resolvi intervir. Toquei no ombro do rapaz, caminhei em direção à torneira e com um gesto simples, a água jorrou por alguns segundos, diante do olhar incrédulo do jovem, que “sorria amarelo”.

Cachorros

Foto: Curtis Perry

Ao amigo leitor, eu não fiz “mágica”, somente pressionei a torneira e a água saiu o suficiente para lavar as mãos, nova tecnologia, evita-se o desperdício.

Vinte e três horas, o motorista dá a partida no ônibus. Nossos lugares eram separados, lá na “cozinha” do coletivo. Ao meu lado, uma senhora “nota 100” – ou seja, cem quilos – e mais três filhos pequenos. Ao longo da viagem as crianças dormiam uma no colo, as outras duas, uma em cada joelho. Às vezes uma delas caia nos pés da senhora. Houve momentos em que eu acordava com um “pequerrucho” no meu colo.

O motorista anuncia a primeira parada (Rezende). Descemos, eu e meu cunhado, para esticarmos as pernas, irmos ao banheiro e tomarmos um café.

Entro sozinho no banheiro, pois meu cunhado preferiu tomar café. Depois de fechar “minha torneira”, tentei abrir a torneira do lavatório, não consegui. Olhei para o espelho e lá estava eu com cara de “derrotado”. A seguir “apareceu” o rapaz que “brigou” com a torneira da Rodoviária do Rio, com um “sorriso de desforra” estampado no rosto. Dei uma piscada de olhos e ele sumiu. Fiquei de “rabo de olho”, observando. Nisso outro “salvador da pátria” fez a “mágica” e a água jorrou por alguns segundos. Eu não guardo segredo, conto a vocês a solução estava embaixo da bancada do lavatório, bastava acionar com os pés.

O motorista anuncia a última parada (Delfim Moreira), que fica no alto da Serra da Mantiqueira, no Estado querido de Minas Gerais.

Chegamos de madrugada, o frio era intenso. Nessa parada, há uma lanchonete que serve um pedaço de frango no espeto, que é a especialidade da casa. O ônibus estacionou, sendo recebido por dois cães vadios e famintos, que perambulavam no local. Enquanto um ficava esperando que algum passageiro jogasse alguma coisa pela janela, o outro acompanha as pessoas, dando uns pulinhos e fitando os espetinhos de galinha. De repente um pulo maior, a mão da gorda senhora fica vazia. Os cães se juntam e somem na madrugada fria. Eles também apreciam a iguaria número um da casa.

A viagem continua. Mas isso fica para outras crônicas.

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