Natal de Outrora

por dezembro/2016Crônicas0 Comentários

sapato-na-janelaÉ Natal. Embora ainda estejamos em novembro, as luzes natalinas já estão acesas em toda parte. As ruas já começam a ter um aumento de pedestres, o trânsito tá ficando difícil, nem de velocípede dá pra andar por aí em busca de um presentinho barato pra alegrar a criançada.

Vai ser complicado para o peru de Natal aparecer na mesa dos funcionários públicos do Estado do Rio de Janeiro. Presente para eles só no futuro, tal qual o 13º salário, Pezão meteu o pé no traseiro de todos. Ceia de Natal só na casa de político, lá sim a mesa vai ser farta.

No meu tempo de criança era uma dureza só, família pobre, as crianças eram orientadas a colocar os sapatos na janela na ilusão de que Papai Noel deixaria um presente para todos. Eu pegava o meu sapato, filho único, colocava um pedaço de jornal para esconder o furo (minha inocência pensava que se Papai Noel visse que meu sapato era velho e furado não colocaria o meu presente), tentava ficar acordado pra ver o bom velhinho, porém o sono me vencia.

meia-furadaCerto Natal, ao acordar, corri para a janela a fim de ver o meu presente, no entanto nem o sapato encontrei. Pensei: “vai ver que Papai Noel precisou dar o meu sapato para outra criança”. Uma criança que nem um sapato furado possuía.

Só muito tempo depois, já adulto, minha mãe contou-me o que havia ocorrido: eles não tinham nenhum presente para dar-me, então resolveram retirar o meu sapato da janela e esconderam de mim. Sabendo dessa história, minha avó Bernardina ficou com pena, comprou um par de sapatos novos e me deu dizendo que Papai Noel havia mandado e que tinha pedido desculpas pela demora.

No outro dia eu saí chutando tudo que era lata velha na rua, para testar os meus sapatos novos.

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