Nos Motéis da Vida

por outubro/2011Crônicas0 Comentários

Volto a falar aqui neste espaço de mais uma história, cujo personagem central é o meu amigo “Naná“. Aquele que “dá nó em pingo d’água” e conserta relógio no escuro com luvas de boxe.

Na empresa na qual trabalhava, ele era o responsável pela designação dos funcionários que iriam viajar para o interior do estado a fim de realizar serviços de interesse da Companhia.

Assim sendo, lá foram seis funcionários, mais o motorista, em uma Kombi da empresa.

Entre eles, é claro, meu amigo “Naná”, que não perdia nunca uma “boca rica”, ele era como uma “chave mágica”, “abria todas as portas” nas cidades em que a comitiva chegasse, pois seu conhecimento com as autoridades locais era muito grande.

No transcurso da viagem, a rapaziada, para passar o tempo, iniciou um jogo “inocente” de palitinho. Para animar mais, estabeleceu-se uma “mixaria” por rodada.

Seguia o jogo, disputado com ardor, já que tinha “algum no fogo”, quando, de repente, meu amigo “Naná” recebeu como pagamento uma moeda que tinha perdido seu valor, não estava mais em circulação. Ele “chiou” muito, dizendo que aquilo era uma indignidade, coisa de gente mau caráter.

Discute pra cá, discute pra lá, quem introduziu aquela moeda no jogo? Ninguém se responsabilizou. “Naná”, como “bom malandro”, disse que aquela moeda iria continuar circulando no jogo e que, aquele que a portasse no final do jogo, ficaria com o prejuízo. Só muito mais tarde eu fiquei sabendo que tinha sido mais uma “armação” do meu amigo “Naná”.

Kombi

Foto: Tetsu

Hospedámo-nos em um hotel de Nova Friburgo. Hotel esse já conhecido do pessoal, pois sempre os funcionários da empresa davam preferência ao mesmo, já que conseguiam descontos especiais e um bom atendimento. Embora não houvesse luxo, suas dependências eram aconchegantes.

Reunidos no refeitório, pela manhã, todos tomavam o café, menos o nosso colega Humberto, que tinha ido comprar o jornal.

Pato Rouco“, um dos membros da comitiva, tinha acabado de fumar um cigarro, após haver tomado seu café. Despreocupado, atirou a “guimba” pela janela que dava para a rua. Vendo aquilo, “Naná” chamou sua atenção, pois o cigarro poderia atingir algum transeunte que passasse pela calçada.

Nem bem “Naná” havia terminado a “bronca”, adentra à sala o Humberto, resmungando e esbravejando.

Perguntado qual o motivo de tanta irritação , ele disse que algum engraçadinho, sem educação, havia jogado um cigarro aceso pela janela. Mostrando o furo no bolso da camisa e a queimadura no peito, reclamou: – olha aonde esse … acertou.

A risada foi geral e Humberto ficou sem entender nada.

Todos que viajam à serviço, sabem que são necessários alguns malabarismos para que “sobre algum” das diárias recebidas. Então, normalmente procura-se o hotel mais barato e que permita a acomodação do máximo de pessoas no mesmo quarto.

Em Três Rios, quando a caravana lá chegou, não havia vaga nas condições desejadas, só em hotéis caros. Então “Naná” teve uma “ideia brilhante”, e todos se acomodaram por um bom preço, uma verdadeira pechincha.

Pela manhã, os vizinhos e transeuntes olhavam desconfiados e sem entender por que aquela Kombi, cheia de homens, saía “toda fagueira” daquele motel de alta rotatividade.

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