O Burrinho

por novembro/2015Crônicas0 Comentários

Certa feita aquele rapaz da cidade foi passar uns dias em uma cidade do interior das Minas Gerais. Em lá chegando, foi recebido pelos membros da família do seu amigo que o convidará para aquelas férias.

A hospitalidade do povo mineiro é algo de especial, eles não sabiam o que fazer para agradar o visitante.

Travou-se o seguinte diálogo entre o visitante e o irmão do seu amigo:

Encruzilhada

Foto: Albi

Visitante:Que cidade boa para passar as férias! Que descanso gostoso! Que paz duradoura!
Irmão do amigo; Só que eu já estou cansado de viver em férias.
Visitante: Como assim?
Irmão do amigo: Eu vivo aqui há 18 anos, não aguento mais essa ociosidade.

Como diz o povo em sua sabedoria, “cobra que não anda, não engole sapo” ou se preferirem, “máquina parada enferruja”. O homem foi feito para o trabalho. Ao longo da vida, muda o tipo de trabalho, mas sempre existirá algo a ser feito.

Voltando a falar das Gerais. O visitante foi avisado que no dia seguinte iria andar a cavalo. Embora nunca tivesse passado por essa experiência, ele não demonstrou nenhuma preocupação. Na hora marcada, lá estava ele na fazenda do tio do seu amigo. Com receio da sua inexperiência, os anfitriões resolveram que ele cavalgaria um burrinho, que, por sinal, era muito usado pelo dono da fazenda.

Depois de devidamente ajeitado na cela, lá saiu o visitante rumo ao desconhecido. Após uns minutos de uma tranquila cavalgada, deu-se um impasse: em um cruzamento do caminho, ele queria ir para a direita e o burrinho para a esquerda. O visitante insistia, mas o burrinho teimava em ir para a esquerda. Por fim, o visitante entregou os pontos e o burrinho venceu.

Quando chegou na fazenda, de regresso do passeio, ele comentou o fato. O seu amigo então explicou que todas as tardes o coronel ia olhar as vacas no pasto, e aquele era o caminho que o burrinho fazia todos os dias.

De tanto percorrer o mesmo trajeto, o animal ficou condicionado a seguir sempre por aquele caminho, já que sua capacidade de entendimento era limitada.

Esta história nos permite citar a passagem da vida de São Francisco de Assis, em que ele costumava se referir ao seu corpo físico como sendo o seu “burrinho”.

Cada um deve perguntar a si mesmo: como estou usando o meu “burrinho”? Estou maltratando-o? Qual o caminho que estou escolhendo: o estreito ou o largo?

Lembremo-nos de que é o Espírito quem guia o “burrinho”, já que é imortal.

Olha o livre-arbítrio.

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