O Presente Grego

por novembro/2017Crônicas0 Comentários

Minha amiga Dona Antônia é uma paraibana de muita fibra, uma senhora honesta que com muito sacrifício criou os filhos com muita dignidade. Sozinha, ela saiu da sua Paraíba e veio para o Rio de Janeiro. Depois de algum tempo, foi morar em Itaboraí. Conseguiu construir uma casa humilde, que com o passar do tempo foi aumentando: mais um cômodo aqui, uma cozinha maior, uma geladeira para embelezar a cozinha, um piso para tirar o cimento grosso do chão, uma “guaribada” no banheiro. E assim ia a minha amiga, devagar e sempre, se ajeitando, na sua vidinha simples porém honesta. Bem diferente de algumas pessoas que quanto mais têm, mais querem. Pobre Brasil que se vê entregue a uma matilha de lobos famintos. Eles deveriam procurar saber os três últimos desejos de Alexandre, o Grande, antes de morrer, e qual a razão…

Voltemos a minha amiga antes que a indignação tome conta do meu ser.

Naquele dia, ela estava muito feliz, pois tinha juntado um dinheirinho e comprado um celular. Sim, ela fez por merecê-lo. O seu celular era de cartão. Ela entrou no ônibus com destino a sua residência, doida para mostrar aos netos o seu celular novinho em folha.

Porém (sim teve um porém), quando o ônibus passava pela BR-101, terra da bandidagem, dois rapazes anunciaram um assalto. Minha amiga tremeu nas bases, rezou para tudo que era santo, principalmente para Padinho Ciço. E lá vem um dois assaltantes recolhendo os celulares da rapaziada. Minha amiga sentiu que não tinha jeito, que ela ia dançar. Ela gostava de dançar era aos sábados, no forró do sanfoneiro Zé Macaxeira, que como ela tinha vindo da Paraíba.

O assaltante já com a mão cheia de celulares. Falou para minha amiga:
– Tia passa o seu papagaio.

Minha amiga na sua inocência:
– Meu papagaio, o Adamastor, está em casa.

O assaltante:
– Tia, eu não quero saber do Adamastor. Vamos, passa logo o seu celular.

Só ai minha amiga percebeu que tinha perdido o seu celular novinho.

Ao ver o celular da minha amiga, o assaltante ficou com tanta pena que devolveu o mesmo para ela e, abrindo as mãos, falou:
– Tia, pode escolher qualquer um desses celulares e levar para a senhora.

Bem, vocês sabem qual foi a resposta da minha amiga.

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Arquivos