O Violento Esporte Bretão

por fevereiro/2014Crônicas0 Comentários

Há pouco tempo eu vi na televisão uma exibição de gala da seleção de futebol do Brasil.

Futebol de primeira linha, com toques rápidos no meio de campo, dribles bonitos no ataque. Jogando em direção ao gol do adversário, sem jogadas para os lados, que não rendem nada pro time.

Enfim, um futebol de encher as medidas de qualquer torcedor, e olha que são muitos neste imenso país da bola.

Ah, eu ia me esquecendo de um pequeno detalhe, de extraordinária importância, o time era formado por mulheres, sim, mulheres, com um excelente domínio da pelota, algo de fazer inveja a muitos marmanjos, que pensam saber jogar futebol.

Certa feita, conversando com o Dante Rocha, na época supervisor do Vasco, ele me disse que nos Estados Unidos, de onde ele acabara de chegar, o futebol feminino era o maior sucesso principalmente nas universidades.

Explicou-me que em face da violência do basquete e do futebol americano (rúgbi), as mulheres universitárias estavam aderindo em massa ao futebol.

O empenho foi tal, que, no primeiro campeonato mundial realizado na China, a campeã com todos os méritos foi a equipe americana.

As jogadoras são pessoas normais, algumas casadas, com filhos, outras em vias de se casarem e que gostam do esporte.

Na seleção brasileira tem até uma menina que joga na Itália.

Quem diria uma verdadeira profissional do futebol.

Mas nem sempre foi assim, eu bem me lembro de que lá pelos idos de 1970, existia um campo de futebol no bairro Estrela do Norte, onde hoje fica localizado um conjunto habitacional. A construção de conjuntos habitacionais usurpou vários campos de peladas em diversas cidades deste Brasil afora.

Voltando ao campo da Estrela do Norte, eu acho que o campo era do Independente, porém, não tenho certeza.

A grande atração era o jogo realizado aos domingos, à tarde.

O campo ficava lotado, a torcida vibrava com as jogadas, nem sempre bem feitas.

A animação contagiava as “atletas”, havia uma boa vontade enorme das meninas, porém, a técnica não acompanhava a disposição, com raríssimas exceções.

A ponta direita, uma escurinha, tinha uma “ginga” boa, por isso, logo, logo a torcida a apelidou de Pelé.

Depois de mais uma entrada violenta da beque-central, uma menina alta e forte, em comparação com as outras meninas, ela jogou a adversária com bola e tudo para fora do campo de jogo. O juiz chamou a atenção da moça, que atendia pelo nome de Renata, mas nos meios futebolísticos era conhecida como Renatona.

Renatona colocou as mãos nas cadeiras e respondeu:

– Seu juiz, futebol é pra homem!

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