Um Bom Dia Especial

por dezembro/2015Crônicas0 Comentários

Habitualmente, todos os dias, ele leva a esposa ao ponto do ônibus, às cinco horas da manhã. Em seguida, aproveita a tranquilidade do amanhecer e começa a sua caminhada, não antes de sintonizar o seu walkman na Rádio Rio de Janeiro, “A Emissora da Fraternidade”.

E lá vai o meu amigo pelas ruas semidesertas. E lá vem pelas ondas do rádio a mensagem edificante.

Depois da oração matinal, começava o programa “Minha Terra, Nossa Gente”, do poeta Luiz Vieira, sempre com uma mensagem positiva para os seus ouvintes.

Meu amigo, envolvido pela magia do rádio, quase não percebeu aquele senhor de meia-idade, maltrapilho e solitário, que se encontrava sentado no meio-fio, embaixo de uma árvore, ao lado de duas bolsas de supermercado, cheias de bugigangas.

Sua atenção só foi despertada quando observou que duas “senhoras”, andorinhas desgarradas, se aproximaram da árvore e imediatamente se afastaram.

Para sua surpresa, o homem fez sinal para ele, chamando-o.

No mesmo instante veio-lhe um pensamento: Este alienado vai estragar o meu dia. Embora relutante, ele resolveu atender ao chamado.

E travou-se o seguinte diálogo:
– Por favor, que horas são?
– Seis horas.
– Da manhã ou da noite?

Meu amigo já com pena do pobre homem:
– Da manhã!

O pobre, rico homem, em agradecimento, falou com a voz do coração:
– Muito obrigado, que o senhor tenha um bom dia!

Meu amigo, envergonhado, agradeceu e chorou.

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