Existem pessoas que adoram carros. Pessoas que entendem bem dos veículos que possuem. Não é o meu caso.
Uma ocasião, eu quis dar uma de João fogueteiro. Ao sair de uma oficina mecânica, a Brasília que possuía, simplesmente “apagou”, ou melhor, parou de funcionar. A parte elétrica deu uma pane geral, faltou corrente.
Eu, então abri o capô do veículo e fazendo um “ar de entendido” no assunto, comecei a examinar aquele emaranhado de fios. Aliás, acho que tem fios demais. Olha daqui, olha dali, observei que haviam dois fios soltos. Então, como uma pessoa dotada de inteligência normal, raciocinei que só podia se ali. Satisfeito com a descoberta, conectei as extremidades dos fios. Resultado da minha brilhante intervenção: o carro começou a pegar fogo.
Meu amigo Romeu que é dono de uma padaria na Venda da Cruz, também não entende muito de automóvel.
Ele estava com seu carro parado perto da banca de jornal, ao lado da sua padaria. Estava conversando com o Paulinho Botafoguense, reclamava que há algum tempo vinha escutando um barulho estranho no motor do seu carro, era algo como se duas peças estivessem em atrito, ou como se uma peça estivesse roendo à outra.
Paulinho indagou há quanto tempo ele vinha escutando o barulho no carro.
Romeu disse que já tinha uma semana, e que estranho o ruído aparecera logo depois do temporal da semana passada. Aliás, o tempo esfriou bastante após a chuva, aduziu Romeu.
– Só resta abrir o capô e verificar o que está acontecendo no motor do seu carro. Eu não entendo por que você não tomou essa providência anteriormente, falou Paulinho.
– Como disse, eu de carro, sei muito mal, dirigir. Mas já que você se propõe a dar uma olhada, tudo bem. Espero que não seja uma peça cara. Talvez, quem sabe, pode ser uma peça vadia, cansada de trabalhar.
Paulinho então pediu ao Romeu que abrisse o capô do carro.
Antes de abrir, Romeu trouxe para Paulinho várias ferramentas, que ele não sabia nem os nomes: alicate de pressão, chave de fenda, chave de roda, chave inglesa, chave de fenda Philips, fios, etc.
Paulinho se assustou com tantas ferramentas.
– Eu ainda nem sei qual é o defeito, calma!
Finalmente o capô foi aberto.
Uma ratazana pulou e saiu correndo e entrou embaixo da banca de jornal.
– O que foi isso? – Perguntou Romeu.
– Foi uma peça vadia que estava com frio e agora foi ler as notícias dos jornais.
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