Moço, moço
Mãe desconhecida
Pai fugido
Filho perdido
Moço, moço
Mariposa, Perereca
Tiziu, Espoleta
Nomes da sarjeta
Moço, moço
Chamam-no
Trombadinha, pivete
Criança, não merece.
Moço, moço
Descamisado
Pé no chão
Crime sem perdão.
Moço, moço
Idade doze
Físico oito
Cabeça dezoito.
Moço, moço
Morada de piolho
Corpo encardido
Fede o menino.
Moço, moço
Sinal vermelho
Sorriso amarelo
Miséria em preto e branco.
Moço, moço
Decretos no almoço
Leis no jantar
Assim, vai engordar.
Moço, moço
Ronca a barriga
Briga as lombrigas
Banquete no lixo.
Moço, moço
Companheiro do sol
Amigo da lua
Dono da rua.
Moço, moço
Conversa com o mar
Chora com a chuva
Por que nada muda?
Moço, moço
Cheira cola
Foge da realidade
Sem pai, mãe, igualdade.
Moço, moço
Uma mulher
Uma bolsa
Muita porrada.
Moço, moça
Bala amarga
Abismo profundo
Cova rasa.
Moço, moço
No deserto
Não nasce flor
Ódio gera dor.
Moço, moço
É nenhuma
A expectativa de vida
Dezoito é sobrevida.
Moço, moço
Pássaro ferido
Longe do ninho
Implora carinho.
Moço, moço
Agora o senhor
Vai me escutar
Já estou rouco
De tanto gritar.
Só sabem me condenar
Nunca ajudar
Esquecem que
Sou filho de todos
Produto da Sociedade
Egoísta e covarde.
Autores: Dudu Fagundes e Rô Fonseca
Cantor: Dudu Fagundes
0 comentários