No dia 3 de outubro de 1996, foi realizado o pleito eleitoral. O povo brasileiro do Oiapoque ao Chuí, compareceu as urnas, para o dever cívico do voto.
Aqui também, Ipanema não podia ficar de fora desta festa da democracia.
A grande vedete do evento não era nenhum candidato cheio de bons propósitos, que realmente se empenhasse nas soluções dos problemas da educação e da saúde, alguém com o verdadeiro desejo de servir ao povo, do qual seria seu legítimo representante.
Aliás, o que acima foi dito é utopia, não existe tal pessoa no meio político, nem usando a “Lanterna de Diógenes”.
Vamos dar nome à estrela das eleições: seu nome é “voto eletrônico“, uma maquininha que possibilita ao leitor votar digitando o número dos candidatos, rápido e fácil.
Porém, aconteceram alguns fatos curiosos, senão vejamos:
Na seção na qual o meu amigo Gumercindo votou, ele, homem meio rude e desempregado, chateado com os políticos, descarregou a sua raiva na maquininha, esta não aguentou a dedada, e deslizando da mesa, caiu no chão. Ao vê-la prostrada, Gumercindo parou, pensou nos governantes, preparou o pé e quase bateu o pênalti, salvou-o o guarda que apareceu na porta da seção, atraído pelo barulho da queda.
Em uma outra seção, uma jovem, representante da mocidade brasileira, estava demorando muito para votar. O Presidente da mesa, interpelou-a sobre a demora. Esta, na maior simplicidade, disse que estava escolhendo o candidato mais “gatinho”, através das fotos que apareciam na telinha.
Aquela senhora já idosa solicitou ao mesário um papel e uma caneta. Surpreso com o pedido o rapaz informou que não era necessário, bastava que ela teclasse os números. A senhora disse que já havia feito isto. O rapaz então disse que era só apertar a tecla de “confirmar”. Foi aí que a velha senhora, do alto da sua sabedoria, disse o seguinte:
– O papel é para eu anotar o número do candidato, pois eu sei que ele não vai fazer nada por mim. Porém, quem sabe se eu jogar no bicho não posso ganhar alguma coisa.
Nesta eleição também aconteceu um fato que nunca mais vai ser esquecido pela família Miranda.
Mirandão Pai, é um senhor cônscio dos seus deveres de cidadão, morador de Ipanema. Ele é aposentado.
Na véspera do dia da eleição, ele já estava com os documentos todos separados, tinha também preparado a roupa para o grande dia. Pasmem os senhores, ele ia votar de terno e gravata, dizia que era um acontecimento especial e merecia toda aquela pompa. Ele lembrava o tempo que não havia eleições.
Pensando bem, Mirandão tinha razão, “a democracia é o bem maior de uma Nação e o voto é a alma da democracia”
Todas as eleições Mirandão saia cedo de casa, não adiantava os filhos, a esposa, falarem. Ele sempre era o primeiro a votar, sendo assim ele não queria perder a chance de inaugurar a maquininha na sua seção.
– Querida não se preocupe vou lá, voto e logo, logo, estou aqui para comer a feijoada.
Sim porque, dia de festa merecia um prato especial.
As horas se passaram e nada do Mirandão chegar. A esposa já estava preocupada.
Os filhos procuravam mantê-la calma dizendo que o pai deveria ter encontrado algum amigo da velha guarda, e juntos deveriam está fazendo boca de urna para verem quantos amigos ainda estavam vivos.
Quase 16 horas, nada do Mirandão, a patroa super nervosa. Os filhos foram no pronto-socorro, na delegacia, no cemitério, nada.
Vendo aquele alvoroço um vizinho informou que tinha acabado de votar e viu que o Sr. Miranda estava trabalhando como mesário.
As 17:15, eis que ele chega em casa.
Foi aplaudido por todos. Era um exemplo cívico para todos.
Chateado, ele disse que faltou um mesário e como ele era o primeiro da fila, foi convocado na hora. Ele ainda falou:
– Que “rabo de foguete”! Mas vamos a feijoada.
Meio sem jeito a patroa disse:
– Você demorou, o pessoal nervoso, comeu a feijoada.
– Não sobrou nada?
– Só um rabo de porco.
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