Eleição

por outubro/2008Crônicas0 Comentários

No dia 3 de outubro de 1996, foi realizado o pleito eleitoral. O povo brasileiro do Oiapoque ao Chuí, compareceu as urnas, para o dever cívico do voto.

Aqui também, Ipanema não podia ficar de fora desta festa da democracia.

A grande vedete do evento não era nenhum candidato cheio de bons propósitos, que realmente se empenhasse nas soluções dos problemas da educação e da saúde, alguém com o verdadeiro desejo de servir ao povo, do qual seria seu legítimo representante.

Aliás, o que acima foi dito é utopia, não existe tal pessoa no meio político, nem usando a “Lanterna de Diógenes”.

Vamos dar nome à estrela das eleições: seu nome é “voto eletrônico“, uma maquininha que possibilita ao leitor votar digitando o número dos candidatos, rápido e fácil.

Porém, aconteceram alguns fatos curiosos, senão vejamos:

Na seção na qual o meu amigo Gumercindo votou, ele, homem meio rude e desempregado, chateado com os políticos, descarregou a sua raiva na maquininha, esta não aguentou a dedada, e deslizando da mesa, caiu no chão. Ao vê-la prostrada, Gumercindo parou, pensou nos governantes, preparou o pé e quase bateu o pênalti, salvou-o o guarda que apareceu na porta da seção, atraído pelo barulho da queda.

Em uma outra seção, uma jovem, representante da mocidade brasileira, estava demorando muito para votar. O Presidente da mesa, interpelou-a sobre a demora. Esta, na maior simplicidade, disse que estava escolhendo o candidato mais “gatinho”, através das fotos que apareciam na telinha.

Aquela senhora já idosa solicitou ao mesário um papel e uma caneta. Surpreso com o pedido o rapaz informou que não era necessário, bastava que ela teclasse os números. A senhora disse que já havia feito isto. O rapaz então disse que era só apertar a tecla de “confirmar”. Foi aí que a velha senhora, do alto da sua sabedoria, disse o seguinte:

– O papel é para eu anotar o número do candidato, pois eu sei que ele não vai fazer nada por mim. Porém, quem sabe se eu jogar no bicho não posso ganhar alguma coisa.

Vote

Foto: Nick Johnson

Nesta eleição também aconteceu um fato que nunca mais vai ser esquecido pela família Miranda.

Mirandão Pai, é um senhor cônscio dos seus deveres de cidadão, morador de Ipanema. Ele é aposentado.

Na véspera do dia da eleição, ele já estava com os documentos todos separados, tinha também preparado a roupa para o grande dia. Pasmem os senhores, ele ia votar de terno e gravata, dizia que era um acontecimento especial e merecia toda aquela pompa. Ele lembrava o tempo que não havia eleições.

Pensando bem, Mirandão tinha razão, “a democracia é o bem maior de uma Nação e o voto é a alma da democracia

Todas as eleições Mirandão saia cedo de casa, não adiantava os filhos, a esposa, falarem. Ele sempre era o primeiro a votar, sendo assim ele não queria perder a chance de inaugurar a maquininha na sua seção.

– Querida não se preocupe vou lá, voto e logo, logo, estou aqui para comer a feijoada.

Sim porque, dia de festa merecia um prato especial.

As horas se passaram e nada do Mirandão chegar. A esposa já estava preocupada.

Os filhos procuravam mantê-la calma dizendo que o pai deveria ter encontrado algum amigo da velha guarda, e juntos deveriam está fazendo boca de urna para verem quantos amigos ainda estavam vivos.

Quase 16 horas, nada do Mirandão, a patroa super nervosa. Os filhos foram no pronto-socorro, na delegacia, no cemitério, nada.

Vendo aquele alvoroço um vizinho informou que tinha acabado de votar e viu que o Sr. Miranda estava trabalhando como mesário.

As 17:15, eis que ele chega em casa.

Foi aplaudido por todos. Era um exemplo cívico para todos.

Chateado, ele disse que faltou um mesário e como ele era o primeiro da fila, foi convocado na hora. Ele ainda falou:

– Que “rabo de foguete”! Mas vamos a feijoada.

Meio sem jeito a patroa disse:

– Você demorou, o pessoal nervoso, comeu a feijoada.
– Não sobrou nada?
– Só um rabo de porco.

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