Ele era um touro Miúra em plena juventude. Ela também não deixava a peteca cair. Ah, doce pássaro da juventude, dia sim e o outro também havia festa naquela casa, ou melhor, ninho de amor. Recém-casados. Tudo a favor, nada contra.
Um belo dia, uma grande noticia: um novo morador para aquele lar. O casal estava radiante, os avós nem se fala, porque avós gostam de ter alguém para fazê-los voltar ao tempo de criança. São crianças com mais idade, eles voltam a ser crianças e, no íntimo, pensam “agora que vocês vão ver o que é bom pra tosse”. Os pais passam a valorizar mais os avós, ou seja, os seus pais.
O tempo passa, os dias e os meses, o bate bola diminui, nem todos os dias tem jogo naquela casa, agora tudo vive em torno do bebê, o novo rei do pedaço, como diz o ditado popular “rei morto, rei posto”.
O touro Miúra andava de cabeça baixa, triste já que as festas estavam devagar, raramente elas aconteciam. Ele tentava, porém, a esposa falava: o médico disse que não pode. A tristeza vivia estampada em seu rosto. Ele estava subindo pelas paredes. Lembrando-se dos tempos de outrora.
Ele começava a pensar se não seria melhor ter um filho mais tarde. Eu li num livro chamado “Críton, o viajante Grego” que quando nascem os filhos, o marido perde 50% da atenção da esposa e quando nascem os netos, ele perde os outros 50%.
Num belo dia, a sua esposa em conversa trivial conta que o marido da vizinha foi embora largando a pobre coitada. Na hora, ele não deu a mínima importância a noticia. Mais tarde, ele pensou consigo “como o marido largou aquela morenaça e deu no pé?!”.
O tempo passou e então em conversa com o seu marido ela falou:
– Poxa, estou vendo que você não está mais com aquela cara de quem comeu e não gostou. Você está com um semblante mais alegre.
Ele sorrindo, disse:
– São as estrelas que eu vejo quando vou cuidar das galinhas no quintal.
A rotina do touro Miúra era toda noite sair para cuidar das galinhas no quintal.
Até que, um dia, a esposa viu que uma calça do marido tinha rasgado nos fundilhos, faltava um pedaço do pano. Ela costurou, lavou e pendurou no varal, só que ela reparou que, na cerca que dava para a casa da vizinha, lá estava o pedaço do pano.
Naquela noite, quando o marido disse que ia cuidar das galinhas, a esposa deu um tempo e ficou no quintal. Quando o marido ia pular a cerca de volta, a esposa apareceu.
Ele meio sem jeito disse:
– Eu vim atrás de uma galinha que fugiu.
– Tudo bem, só que você vai ficar com ela desse lado da cerca.
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