OBS.: O tempo passa, a história fica.
Assaltante: Isso é um assalto!
Vítima: Calma! Você está tremendo, é seu primeiro assalto?
Assaltante: É… Passa o tico-tico!
Vítima: Ué! Você não leva jeito.
Assaltante: Jeito de quê, meu irmão?
Vítima: De quem gosta de passarinho.
Assaltante: Que isso! O tico-tico é o dinheiro. Pô, só faltava essa. Se isso rendesse algum dinheiro, que desse para sustento da minha família, eu era capaz de engajar.
Vítima: Você é um assaltante diferente, não assusta e parece ter algum estudo.
Assaltante: Sim, estudei, sou engenheiro civil, eu já fui chefe de departamento em uma construtora, depois veio a crise “A Síndrome do Liberalismo”, aí fui escriturário, motorista de táxi, balconista, trocador de ônibus, vendedor de cerveja na praia, catador de papel e agora assaltante. Mas chega de conversa, passa a carteira!
Vítima: Tá bem, toma lá.
Assaltante: Não tem dinheiro, só anúncio de emprego. Mais eu vi você sair do Banco. Só se naquela hora que você se abaixou… É isso! Tira o sapato!
Vítima: Não, por favor! Minha meia está furada.
Assaltante: Tira! Pô, como seu sapato está gasto.
Vítima: É de tanto andar procurando emprego.
Assaltante: Aqui está! Deixa eu ver quanto tem! Mil reais.
Vítima: Lá se vai meu FGTS.
Assaltante: Quem é você?
Vítima: Eu sou um desempregado da classe média, agora sou da classe…
Assaltante: Para que eu já estou sentindo o cheiro.
Vítima: Tenho um apartamento, dois anos atrás era mutuário, hoje sou mortuário, pois só morto poderei liquidar a minha dívida com a Caixa. Tinha uma Brasília amarela na qual levava a minha família para passear no fim de semana, aí veio o aumento da gasolina, tive que vender o carro. Mesmo com a baixa do petróleo no mercado internacional, no Brasil a gasolina continua a subir, fórmula tupiniquim, não sei, só sei que o modelo econômico, está levando a classe média a se extinguir. Agora sou da classe que mais cresce neste país.
Assaltante: Qual é?
Vítima: É a classe dos desempregados qualificados, porque todos têm uma profissão, mais falta emprego. Estou há três meses parado, vim sacar o meu Fundo de Garantia e sou assaltado. Acho que o Deus brasileiro foi demitido, não conseguiu mais fazer milagres para a nossa economia. Pensando bem o brasileiro é assaltado no supermercado, na padaria, no açougue, na farmácia, na correção do seu salário. Ser assaltado na rua já é normal e eu estava invicto. pior é que tenho dois filhos. Desse jeito eu não vou poder comprar comida para eles.
Assaltante: Estou te assaltando justamente para levar comida para os meus três filhos.
Vítima: Que situação!
Assaltante: Amigo, não sei o que faço.
Vítima: Você guardou o revolver!
Assaltante: É de plástico, não tinha dinheiro para comprar um de verdade, aí peguei um de brinquedo do meu filho.
Vítima: Que barulho é esse? Parece foguete.
Assaltante: Ah! O Brasil está jogando.
Vítima: Deve ser gol do Brasil.
Assaltante: Penta! Penta!
Vítima: Brasil! Ronaldinho é o maior!
E se abraçam e vão embora.
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