Hoje eu falo sobre o meu amigo Clóvis. O que aqui vou contar, já tem um bom tempo.
Meu amigo, boa praça, sambista de primeira, adorava uma súcia, sempre adorou um rabo de saia, outrora com mais intensidade, agora um senhor responsável, bom chefe de família, a única coisa que continua ainda com a mesma intensidade é a paixão pelo Fluminense. Aliás, imbatível no tapetão.
Meu amigo, na época, se gabava de ser um profundo conhecedor do sexo frágil. Papo fácil, boa pinta, sem aquela barriga indecente que teima em acompanhá-lo aonde ele for. O deserto do Saara ainda não havia feito morada no alto da sua cabeça.
A bem da verdade, ele dava sorte com as mulheres, essa coisa maravilhosa que embeleza a vida.
Em dezembro, é comum às empresas realizarem as festas de confraternização, normalmente são feitas em churrascarias. Muita carne, muito “suco de cevada”, muita alegria e descontração, a animação é geral.
Meu amigo saiu do Mutuá, bairro no qual morava naquele tempo, todo “frajola”, colocou uma “beca” legal e foi se esbaldar no carnaval no bloco da rapaziada do seu trabalho, no Rio.
Lá chegado, caiu na fuzarca, se divertiu para valer, acho até que perdeu alguns quilos de tanto dançar. Tentar ele tentou, porém não conseguiu dar carona para nenhuma amiga do serviço, ele já estava resignado com a perspectiva de voltar para São Gonçalo só, quando viu aquela loura espetacular. Ele passou a mão nos olhos pensando que fosse uma miragem. Mais incrédulo ficou quando a mulher sorriu deixando à mostra uma dentadura perfeita. Meu amigo se beliscou. Sim, era real, ele não estava sonhando. Clóvis, refeito, engatou uma terceira e jogou a velha “baba de quiabo”. Armou e se deu bem ou quase bem.
Ele descobriu que a menina também morava do outro lado da “poça d’água”.
O carro seguiu pelo Aterro. Meu amigo, às vezes, errava na hora de passar a marcha do velho fusca e esbarra a mão naquele joelho, a loura ria um riso maroto. Meu amigo, cheio de maldade na cabeça, sonhava com a hora de descerrar a placa de inauguração daquele monumento. Quando passavam pela Ponte Rio-Niterói, ele pensava: é muita areia para o meu caminhão.
Quando o veículo chegou à Praça do Ex-combatente, o meu amigo não se conteve mais, parou o carro, pediu licença a sua acompanhante, se dirigiu para trás de um velho canhão de guerra e verteu um bom bocado do “suco de cevada”.
Já estava voltando para o carro estacionado, olhou e não viu a loura no carro. Procurou e então a surpresa: debaixo de um poste, à meia luz, a “menina”, balançava as famosas três gotinhas.
Meu amigo entrou no carro e gritou:
– MADE IN PARAGUAI!
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