O meu amigo Tião da Silva, morador de uma comunidade em Niterói, era um ser solitário. Vivia de biscates, ele era pau pra toda obra, com ele não tinha tempo ruim, encarava qualquer serviço para garantir o porre do domingo. Sim, porque aos domingos era sagrada a cachaça, a danada, às vezes era com mel ou pau pereira, no entanto ele gostava mesmo era da purinha.
Certa feita, ele viu num canto de uma casa, na qual ele foi limpar uma caixa de gordura, uma velha bicicleta. Ficou namorando a magrela. Vendo aquilo, a dona da casa ficou com pena e resolveu dar para o Tião a velha bicicleta. Ele saiu mais feliz que pinto no lixo com o seu camelo.
Em um domingo, depois de varias cachaças, ele saiu da tendinha pra lá de munguengue… Até chegar a porta do seu barraco, foi muito vai pra lá, vem pra cá, as suas pernas estavam em luta, era um barco à deriva. Eis que naquele mar revolto surge um amigo que o ajuda a chegar a casa. No outro dia, ao acordar, ele percebe que dormiu abraçado ao amigo. Dali pra frente esse amigo não mais foi embora e passou a ser o seu anjo da guarda. Que ninguém mexesse com Tião da Silva, pois o seu amigo Zé de Souza avançava em cima!
Zé de Souza foi o nome que Tião deu para o seu amigo, inseparável, os dois eram muito unidos.
Um dia houve um tiroteio na comunidade, o Tião estava dormindo ao lado do seu amigo Zé de Souza. Quando acordou, reparou que o seu amigo não se mexia, tinha recebido uma bala perdida. Ele chorou muito a perda do amigo.
Hoje o Tião da Silva, quando sai com a sua bicicleta por Niterói, para lembrar-se do seu amigo Zé de Souza, late como ele fazia na garupa da sua bicicleta.
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