Hoje eu vou contar a história do meu amigo Minervino. Ele era uma pessoa responsável, cumpridora dos seus deveres e adorada por todos. Um carteiro de “mão cheia”.
No fim do ano, ele recebia um “monte” de presentes dados, de forma espontânea, pelos moradores das casas que, ao longo do ano, recebiam as correspondências de suas mãos.
Naquele ano, o calor estava de “rachar”. Era um sábado. Meu amigo já estava quase terminando a entrega daquele dia: só faltavam duas casas. Ele já pensava na cerveja gelada que ia beber após a última entrega, pois era uma rotina que ele não se furtava em realizar, chovesse ou fizesse sol, meu amigo, após o trabalho, comparecia ao balcão do “Pé Sujo” do Sr. Manel, e saboreava o “dever cumprido”.
Ao chegar na penúltima casa, foi convidado pelo morador, o Sr. Lourenço Jorge, para tomar um copo de vinho do Porto. O morador contou seus problemas no serviço, suas preocupações, tentou justificar o porque de não tirar férias. Falou também da sua labirintite, da família etc.
Ao fim do “papo”, eles tinham consumido algumas garrafas. O Minervino já ia se retirar, quando a dona da casa viu o chaveiro dele, um lindo escudo do Vasco, o que fez com que ainda “rolasse” mais um bom tempo de conversa, pois o Vascão merecia. Para não secar a garganta, mais umas garrafas do vinho de além mar.
Minervino se despediu e partiu rumo ao último morador para entregar a correspondência.
O Sr. Lourenço Jorge, pelo menos naquele momento, pensava que a vida não era só trabalho. Amanhã não sei se pensará da mesma maneira, mas amanhã será um outro dia.
Na casa do Sr. Urubatan, ele conversava com sua esposa.
– Bem, não deu, tive que devolver a cadela para o dono.
– Mas o Chaparral tá uma fera, porque perdeu a namorada.
Minervino chegou à casa e tocou a campainha. Como demorassem a atendê-lo, ele resolveu entrar na residência. Ao chegar na varanda, a esposa do dono da casa abriu a porta e recebeu a correspondência, assinando o recibo de entrega, pois tratava-se de talão de cheques.
Minervino já estava caminhando rumo ao portão, quando o Sr. Urubatan chegou à porta da varanda e perguntou a patroa.
– Você prendeu o Chaparral?
– Não, mas ele deve estar “curtindo a fossa” dele e nem apareceu.
Naquele momento, o cão surgiu não se sabe de onde, avançou sobre o carteiro que, avisado pelos gritos dos moradores, tentou correr, porém em função do “pisante totalmente careca”, derrapou na pista. O cão chegou junto ao carteiro que estava num amarelo só, roupa e corpo. O dono do animal correu para evitar o pior. A esposa colocou as mãos na cabeça, antevendo a tragédia.
Chaparral se jogou em cima do Minervino e começou a lamber o seu rosto, cheio de amor para dar.
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