Havia no meu tempo de bancário um amigo chamado José, que era natural do Ceará. Aliás, graças ao fato de meu amigo falar pelos cotovelos (elogiava sua terra como a melhor do mundo), eu acabei conhecendo Fortaleza como a palma de minha mão, sem nunca ter ido lá.
O José, que há muito tempo não vejo, hoje é professor de matemática, embora eu achasse que ele tinha “cara de cientista”.
O meu amigo só tinha um problema sério no seu comportamento. Qual era o problema? Eu digo, não sei fazer suspense. Não sou discípulo do Alfredo. Quem é o Alfredo? Não é o mordomo da propaganda de papel higiênico. O Alfredo em questão era um diretor Inglês. De algum Banco credor do Brasil? Não, caro leitor. Ele era diretor de cinema e mestre do suspense.
Bem, voltemos ao José, meu amigo brasisleiro. Seu problema era a bebida. Ele não podia nem cheirar um copo de cerveja ou qualquer bebida alcoólica, que ficava completamente bêbado.
Outro colega de Banco, meu amigo “Mineiro“, nos convidou para uma festa em sua casa.
A caminho da festa, nós bem que avisamos ao nosso colega Eustáquio para não dar bebida ao José.
– Que nada, eu nunca o vi bêbado.
– Não queira ver.
– Eu tomo conta dele, pode deixar.
Incentivado por Eustáquio, o José tomou um copo de cerveja. Não demorou muito para a bebida fazer efeito. A festa transcorria na maior animação, lá no bairro Estrela do Norte.
José começou dançando xaxado, discorreu uma hora sobre a importância da salsicha no cachorro quente. Abusou da paciência de todos. Por fim, Eustáquio pegou José pelo braço e levou consigo.
Mal sabia Eustáquio que a sua odisseia era bem maior do que a do José, este era baixo e magro. Quando eles entraram no ônibus, com destino ao centro de Niterói, José começou a gritar dizendo que era Tarzan.
Eustáquio, já envergonhado, não sabia onde enfiar a sua cara, tal o vexame dado por José.
Quando o coletivo fez uma curva mais fechada, o José caiu deitado no corredor do veículo.
Um engraçadinho gritou:
– Ô, “domador de bêbados”, segura a fera.
Eustáquio, já arrependido amargamente por ter deixado José beber, deu graças à Deus, quando finalmente o ônibus chegou à rodoviária de Niterói, local em que ele e sua carga iriam descer.
Após segurar o seu “fardo”, Eustáquio descia do veículo, quando o trocador o chamou:
– Ei, você está esquecendo-se do outro colega seu, ali naquele banco.
“Morgado” no outro banco do ônibus estava outro bêbado.
Eustáquio olhou e não entendeu.
O trocador arrematou:
– Você não é o “dono dos bêbados”?
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