Ele nasceu na Ilha da Assombração, lá pras bandas do Maranhão. Hoje reside no Bairro do Mutuá, em nossa São Gonçalo querida. De São Luiz até chegar à nossa cidade foi uma longa corrida, literalmente, mas vamos a história do meu amigo “Pezão“.
Quando criança era muito mimado, principalmente por sua mãe a Dona Zazá. Zequinha continua sendo a maneira carinhosa pela qual ela o trata.
Uma das coisas que mais o menino gostava era o refrigerante “Jesus“. Não me perguntem o por que do nome do refrigerante, talvez o Zequinha saiba.
Torcedor fervoroso do Sampaio Correia, ele não perdia um jogo do time do seu coração, juntava o minguado dinheirinho para ir ao “Mangueirão” vibrar com o seu Clube.
Já na adolescência, o “Pezão” adorava frequentar a praia do Calhau, a Ilha do Gurupi, onde esquecia da vida, comendo peixe frito com cuchá, acompanhado por algumas Cermas bem geladas. Convém esclarecer que Cerma é a marca de uma cerveja saborosa, made in Maranhão. Quanto ao cuchá é um tipo de molho para peixe. Aliás, o Zequinha até hoje solicita, de vez em quando, à sua “cara-metade” que faça a especiaria lá de São Luiz.
Em função dos mimos de Dona Zazá para com o seu Zequinha, ele aprendeu a tratar bem as mulheres. Uma das suas manias é segurar na mão das moças e se derreter em elogios, normalmente chamando-as de xuxuzinho. Lobo na pele de cordeiro.
Meu amigo vivia na maior mordomia na ilha, não podia querer mais, estudava pro gasto, Dona Zazá dava uma boa mesada, pois ele era seu filho predileto. Meu amigo sabia tirar proveito disso. As namoradas não faltavam.
Porém… Sim na vida do “Pezão” também teve um porém. Domingo de carnaval, do ano em que ele completou l8 anos, depois de se arrumar todo, com o auxílio da sua irmã Sônia, não esqueceu nenhum detalhe. A transformação foi total. Quando Dona Zazá viu aquela moça, perguntou espantada.
– Sônia, quem é essa amiga sua que eu não vi chegar?
– Mãe! A senhora não está reconhecendo?
– Não, filha.
– É o Zequinha.
Dona Zazá, com cara de espanto:
– Menino vá logo tirar isso.
Sônia explica.
– Mãe ele vai sair no Bloco de Sujo, por isso ele se vestiu de mulher.
– Ele é uma criança, a Polícia pode prender o meu Zequinha, não gosto disso.
Meu amigo falando grosso:
– Mãe, eu já tenho l8 anos, sou um homem.
Despedindo-se, saiu rebolando, só para mexer com sua pobre mãe.
Depois de algumas Cermas, muitas ruas, cansado de brincar, o meu amigo vinha caminhando em direção ao ponto do ônibus, que o levaria à sua residência, quando passou em uma rua da zona. Um homem que vinha em sentido contrário, ao passar por Zequinha, falou:
– Oh! Minha doce donzela.
Meu amigo percebeu que o homem estava mais bêbado que uma gambá, então resolveu tirar um “sarro” do pobre coitado.
– Está falando comigo, meu bonitão?
– Claro, minha doçura. – E foi logo abraçando o meu amigo.
– Calma meu garanhão.
Meu amigo fazia um esforço muito grande para não rir na cara do bêbado. O homem indócil, já foi colocando a mão na braguilha. O Zequinha resolveu acabar com aquilo, pois a situação estava ficando perigosa. Falou com voz grossa:
– Ei cara, você não está vendo que eu sou macho.
O bêbado ficou possesso e de pronto sacou uma peixeira.
– Você não é Quenga, é um baitola!
Meu amigo não teve tempo de mais nada, a não ser começar a correr. Ele correndo na frente e o bêbado, com a peixeira, atrás. Quando eles passavam por Brasília, o bêbado tropeçou num aposentado largado ao céu e ficou lá caido.
O meu amigo só parou quando chegou ao Mutuá, só de calcinha.
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