Eu sou de um tempo que, após os três dias de carnaval, quarta-feira era um dia de recolhimento espiritual, ou seja, no rádio só músicas sacras.
Nos clubes sociais, na terça-feira de carnaval, à zero hora terminava os bailes de carnaval. Sendo que, para que os foliões saíssem dos salões, os clubes faziam com que os músicos fossem pras ruas e os foliões acompanhavam até um determinado ponto, até que os músicos paravam e os foliões se dispersavam.
Existia no rio um bloco que só saia na quarta-feira: a rapaziada se dividia no Engenho de Dentro para brincar de gato e rato com a polícia, pois eles corriam quando a policia chegava para parar com o bloco. Hoje, como não há mais proibição policial, o bloco se dissolveu, os foliões perderam a principal graça do bloco.
Depois começaram a chamar o sábado de sábado de carnaval.
Hoje em dia, têm cidades nas quais o carnaval começa uma semana antes e noutras
prolonga-se pela semana inteira.
Havia em Niterói no sábado o desfile do banho de mar à fantasia, os blocos se fantasiavam com papel crepom e depois dos desfiles os seus componentes mergulhavam no
mar colorindo a água com as cores das fantasias.
Existiam os blocos de sujos nos quais qualquer um podia brincar com ou sem fantasias.
Na maior tranquilidade, sem nenhuma violência, tempo bom!
Na manhã da quarta-feira, via-se as senhoras saindo das igrejas com as cinzas na testa,
e alguns foliões despojados das fantasias dormindo embaixo de algumas marquises, sonhando com o próximo carnaval.
Como diz aquela música, “Agora é cinza e nada mais”.
0 comentários