Quem te Viu, Quem te Vê

por abril/2018Crônicas0 Comentários

“Até que houve uma festa em clube patrocinado por uns dos parentes, que havia há pouco adentrado num novo circulo de amizades. Sim, eles começariam a se relacionar com pessoas da sociedade.”

Era uma família que se ajudavam mutuamente. Irmãos, cunhados, irmãs, cunhadas, uma grande união, sempre prontos a participar de todas as coisas, na tristeza, na alegria. Quando das festas das crianças, sempre havia uma participação de todos em prol de uma realização plena.

Um parente fazia os brigadeiros, outros compravam as bebidas, alguém dava o bolo da festa, os salgadinhos eram doados… Então era uma festa total, com muita alegria e participação de todos.

Festa no SalãoAté que houve uma festa em clube patrocinado por uns dos parentes, que havia há pouco adentrado num novo circulo de amizades. Sim, eles começariam a se relacionar com pessoas da sociedade, políticos, empresários etc.

Os parentes foram colocados numa mesa perto da saída da cozinha, alguns reclamaram, outros argumentaram que estavam na saída do túnel, ou seja, os garçons passariam com as bandejas primeiro nas mesas deles.

A elite ficou posicionada do outro lado, perto das janelas, com uma bela vista para o mar.

Começa o jogo, o primeiro garçom sai da boca do túnel, com uma bandeja cheia de camarões VG, caviar russo. A galera saliva, porém ele dá um lençol na turma e leva para a elite. Lá vem outro garçom com as bebidas, com whisky escocês, champanhe francesa, vinho português, cerveja tcheca, água mineral italiana.

Passam os doces, torta alemã, sorvetes importados.

Os parentes da antiga só comendo com os olhos. A dona da festa acalma o pessoal, dizendo: “Calma que o de vocês já vai chegar!”

E chega: canapé de sardinha, uísque nacional do Brasil, ou melhor, uma cachaça da pior qualidade, cerveja Malt 90, água torneiral, um bolo de fubá com uma velinha para cantar parabéns.

Os parentes da antiga começam a se retirar um a um, sem comer nada, revoltados e cuspindo marimbondos.

Pouco a pouco eles vão chegando, como se tivessem marcado um encontro, todos famintos, em busca de um McLanche Feliz.

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