Ele não tinha nenhuma experiência de vida de casado (convém mencionar que esta história se passou há uns quarenta anos, mas vamos lá). Eles casaram nos modos da antiga, ou seja, primeiro namoro, depois noivado e finalmente casamento na igreja. Hoje a ordem dos fatores alterou o produto: primeiro vão para cama, depois namoram e finalmente separam. Criaram até um apelido para isso: “namorido”, ou seja, namorado com os direitos de marido.

Voltemos ao casamento tradicional, às mudanças e às adaptações ocorridas na vida do marido. Ele trabalhava em um Banco, durante o dia, e a noite estudava. Estava acostumado a não fazer nada em casa, chegava tarde e já encontrava a comida no prato, em banho-maria. Naquele tempo ainda não havia essa maravilha que atende pelo nome de micro-ondas.

A esposa o chamou para ir à feira. Naquela época as feiras eram enormes, principalmente a de Neves em São Gonçalo. E lá foi o casalzinho. Caminharam do inicio ao fim só olhando as barracas que estavam do lado direito da feira e voltaram olhando as barracas do lado esquerdo. O marido, já impaciente, indagou: “Você não vai comprar nada?”

“Calma!”, respondeu a esposa. E lá foram novamente até o fim da feira. Dessa vez ela para em algumas barracas. Na volta, ela para em mais algumas barracas. O marido já cansado de tanto andar fala: “Isso é uma maratona!”

De outra feita a esposa o convidou para ir a uma loja de sapatos, pois ela queria comprar um par para poder trabalhar, um sapato bem simples. Lá chegando, um vendedor todo sorridente começou a atendê-la. Lá pelas tantas, em volta dela havia umas dez caixas de sapatos e nada de resolver qual seria o escolhido. Ela só dizia “Traz outro, por favor”. O vendedor não ostentava mais aquele sorriso do inicio. Depois de descer mais uns cinco, ela se levantou e disse: “Não gostei de nenhum, vamos embora”. O marido não sabia onde enfiar a cara de vergonha, e a esposa na maior tranquilidade: “Se eu não gostei, não levo!”

A partir daquele dia, quando a esposa entra nas lojas, o marido fica do lado.