A Cadeira Elétrica

por janeiro/2015Crônicas0 Comentários

Hoje eu falo do meu amigo Zé Peixeira, o seu nome de batismo era José Raimundo de Souza, porém lá na sua cidade natal, no interior da Paraíba, ele era mais conhecido pelo apelido de Zé Peixeira, isso porque ele não tirava a peixeira que carregava na cintura de jeito nenhum.

Ele dizia que a sua peixeira fazia parte do seu corpo.

Ele era muito brabo, bicho tinhoso, cão raivoso. Com ele ninguém tirava farinha. Na sua folha corrida ele já tinha deixado várias viúvas chorando pelos maridos que se atreveram a enfrentar a ira do meu amigo.

Porém um dia ele conheceu Raimunda, uma moreninha linda que virou o seu coração. Ela tinha uma irmã que morava no Rio de Janeiro, que a convidou a vir morar com ela, pois havia mais condição de arranjar trabalho.

Raimunda então falou com o Zé que ia para o Rio, Zé, apaixonado pela morena, disse:

– Eu vou junto.

Os pais da Raimunda não gostaram, só casando você pode ir com a Raimunda.

O Zé, louco pela Raimunda, não se fez de rogado, e assim eles casaram e foram para o Rio. Ele foi trabalhar como peão de obra e ela foi ser empregada doméstica.

Sua irmã morava em uma comunidade, ela fez um puxadinho e alojou sua irmã e o marido.
O tempo foi passando e um belo dia dona Raimunda falou pro Zé:

– Zé, você tá com um cheiro de gambá na sua boca, um tremendo bafo de onça.

O Zé não gostou da observação, em verdade ele tinha um monte de dente estragado, pois ele nunca tinha ido a um dentista. Dona Raimunda falou:

– Zé, você precisa ir ao dentista.

Zé, homem macho, respondeu:

– Eu não vou a dentista nenhum.

Dona Raimunda então observou:

– Enquanto esse bicho morto não sair da sua boca, não vai mais bicota, nem chamego!

Zé aguentou uma semana de jejum forçado. Não mais que isso.

No dia marcado, lá foram os dois para o dentista. Zé sentado na cadeira do dentista, mais amarelo que roupa de carteiro, suando mais que habitante do Senegal, nem parecia aquele paraibano valente.

O dentista o mandava abrir a boca e ia com o motorzinho para cuidar das inúmeras cáries que ele possui. Na hora H, ele fechava a boca e dizia que era para afastar aquela abelhinha.

O dentista não sabia mais o que fazer, pois quando ele pensava em dizer alguma coisa, via a peixeira na cintura do Zé. Por fim ele chamou Dona Raimunda. Ela chegou ao ouvido do Zé e disse alguma coisa, o dentista só conseguiu ouvir, logo mais o Carcará Malvado.

As palavras fizeram mágica, pois o Zé abriu a boca e deixou o dentista fazer o serviço.
Quando o dentista disse: acabou. Ouvi-se uma rajada de metralhadora, tá, tá, tá, tá.
O Zé levantou-se e saiu correndo.
Ao chegar a casa dona Raimunda sentiu um perfume desagradável, e viu as pegadas no chão que iam em direção ao banheiro. Lá sentado no trono, o Zé Peixeira parecia um bebe,
Com a frauda toda suja.

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