Dia de Sorte

por junho/2008Crônicas0 Comentários

Meu amigo Ronaldo recebeu um convite para ir a Copacabana com o seu cunhado Chico de Brito, pois tinha que resolver uns problemas por lá.

Saíram de São Gonçalo, pegaram o ônibus, desceram na “gaiola” (Novo Terminal Rodoviário de Niterói). Caminharam até a Estação das Barcas, e foram desfrutar do doce balanço do mar.

Chegaram à Estação na Praça XV. Caminhavam em direção à saída, de repente, “tum” e “tum”.

Pulseira da sorte

Foto: Baby Eksy

– Ô Ronaldo, você parou por quê? – Perguntou Chico de Brito.
– Parei porque um pombo vadio me escalou.
– Isso é sinal de sorte. Parabéns, meu amigão!
– Parabéns uma pinóia.

Como se um “tum” fosse pouco, em vôo rasante veio o segundo pombo, que deu um replay ou melhor outro “tum”.

– Duas vezes “tum”, isso é sorte em dobro! Gente fina, hoje é seu dia de sorte! – Exclamou, maravilhado, Chico de Brito.

Ronaldo pegou um lenço no bolso da calça, limpou a camisa nos dois lugares, onde tinham caído os petardos. Ato contínuo, jogou no mar com repulsa e uma terrível cara de nojo, dizendo:

– Este lenço eu não quero mais!

Seu cunhado Chico de Brito, para melhorar o astral, ainda disse:

– Olha que dia lindo, o sol brilha, refletindo a alegria de viver e, daqui a pouco, sua camisa estará seca.

Realmente o dia estava lindo. O sol sorria de felicidade no meio daquele azul total, só o cheirinho da camisa é que não era agradável.

Chegaram à Copacabana e, após resolverem tudo, quando eles se preparavam para pegar um ônibus a fim de retornarem à Praça XV, não se sabe de onde surgiu, sem ser convidado, aquele “baita” temporal.

Meus amigos pegaram o ônibus, sentaram-se no segundo banco atrás do motorista. No primeiro banco estavam sentados uma menina de, uns cinco anos, e sua mãe. Chovia muito e a janela da menina estava aberta. A chuva entrava sem cerimônia e ia cair diretamente no colo do Ronaldo. Ele fechava a janela da menina e ela abria. Ele tornava a fechar e ela tornava a abrir. A mãe brigava com ela, mas não adiantava. Ela olhava para a cara do Ronaldo e ria ao ver seu rosto todo molhado.

Meu amigo, calmo por natureza, já estava quase explodindo com aquele infernizante abre e fecha de janela, intercalado por enormes pingos de chuva no rosto e aquela carinha de safada da garota.

Por fim, a mãe envergonhada e cansada da situação provocada pela sua filha, pegou a “pestinha” pela mão e desceu num ponto qualquer, para alívio do nosso amigo.

Chico de Brito só parou de rir da situação quando eles chegaram na Praça XV.

A chuva continuava a cair, firme e forte, quando eles desceram do coletivo. Para se protegerem, eles correram para debaixo de uma marquise, em frente a uma pastelaria. Calçada lisa e molhada, uma verdadeira pista de boliche. Caminhavam felizes para as Barcas, quando aquele desconhecido, com sua barriguinha um pouco avantajada e uma pasta 007 na mão, veio correndo e pulou a enorme poça d’água entre o meio-fio e a calçada.

Strike! Sim, ao descer na calçada ele escorregou, deslizando com uma bola de boliche e pimba, acertou o tornozelo do amigo Ronaldo, que caiu por cima do infeliz.

Pasta boiando na poça. Corpos no chão. Vergonha por baixo. Raiva por cima. Risos por todos os lados.

Dia de Sorte!

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