O Casamento do Sr. Clemente

por maio/2011Crônicas0 Comentários

Eu conheci o Sr. Clemente na época das vacas magras. Hoje ele é um grande industrial de São Gonçalo.

Ele começou a trabalhar no Banco, comigo, levado pelo seu concunhado que era gerente do mesmo, em Neves.

Já naquela ocasião, o meu amigo corria atrás para conseguir um reforço de verba, pois estava se preparando para contrair matrimônio.

O Sr. Clemente comprava tecido em Bonsucesso, tinha costureiras nos bairros do MutuáMuapira e Boaçú, as quais costuravam as bermudas que eram cortadas por ele, nas horas de folga do Banco. Quando não estava no Banco, estava em casa cortando ou colocando ilhoses nas bermudas, sempre com um copo de uísque ao lado como testemunha. Aos sábados e domingos, corria as feiras-livres, vendendo as mercadorias.

Casamento na chuva

Foto: Jeni Marie

Taí uma pessoa que mereceu vencer.

Na sexta-feira, véspera do dia do seu casamento, o Sr. Clemente não entendia o que estava acontecendo. Entrava um cliente na agência, olhava para ele e logo dava os parabéns pelo casamento no sábado. Até as senhoras conversavam no Banco: “rapaz de coragem, casar nos dias de hoje!”

Os colegas do Banco riam e diziam para ele: – esse casamento vai ser o acontecimento do ano em São Gonçalo, pois todo mundo está sabendo, a igreja vai ser pequena.

O Sr. Clemente já estava ficando preocupado, como é que todos sabiam que ele iria casar no sábado?

Na saída, no final do expediente, um colega se despediu do Sr. Clemente dizendo: – Tchau “outdoor ambulante”. Ele, preocupado, não entendeu. Deu tchau e foi para casa.

Ao chegar a casa, um dos seus irmãos o chamou e disse: – Mano, por que está anunciando seu casamento por aí?

O Sr. Clemente ficou surpreso. Que história é essa?

O irmão esclareceu tudo, retirando de suas costas um papel que dizia “CASAREI AMANHÔ.

No momento, ele ficou chateado, depois começou a sorrir.

– Até no ponto de ônibus o motorista me felicitou, isso foi coisa de Niltinho “passarinho”.

Sábado, no dia do casamento, chovia muito, a recepção foi na casa dos pais da noiva. A chuva não parava. O carro que ia levar o casal para a lua de mel já estava a postos. A chuva deu uma pequena estiada. Um moleque de pé no chão vê o movimento na porta e tenta vender sua mercadoria, uma fieira de rãs (talvez umas cinco). Um convidado de paladar apurado resolveu compra as rãs. Logo depois, um murmurinho, o casal surge e adentra no carro. O veículo parte, fazendo barulho com as latas que foram amarradas a ele.

Ao atingir a rua principal a esposa grita:

– Para o carro!

O motorista pergunta: – É para retirar as latas que estão amarradas?

A esposa: – Não, é que tem uma coisa gelada na minha perna.

O Sr. Clemente: – Será que foi a minha mão molhada que esbarrou em você?

A esposa: – Uai, agora tem algo em cima do meu pé.

Ela saiu do carro, nervosa, preferindo ficar na chuva.

O Sr. Clemente e o motorista conseguiram encontrar cinco rãs. Porém a esposa não entrou mais no carro de jeito nenhum. Ele teve que chamar outro táxi.

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