O Marinheiro Zé Boreste

por junho/2012Crônicas1 Comentário

Hoje eu resolvi contar a história do meu amigo Pedrinho.

Recém-formado em economia, ele conseguiu um emprego numa empresa de economia mista do mercado.

Todos os dias meu amigo sai do bairro do Pita para ir trabalhar lá no Rio de Janeiro, aproveitando a viagem de Lancha, pegando uma brisa na janela da embarcação e lendo o seu jornal.

Nas sextas-feiras, após o expediente, a turma, que trabalhava com ele no setor financeiro da empresa, ia bebericar um pouco e falar da vida alheia. Aquele velho papo mentiroso.

Na última sexta-feira daquele ano, eles resolveram fazer um almoço comemorativo.

Saíram da empresa às 12:00 horas, com a ideia do almoço.

A equipe financeira era formada por: Prof. Maciel, Fifi, Ludovico, Vasconcelos e o meu amigo. Todos eles bons profissionais, excelentes economistas e melhores biriteiros.

O relógio na parede marcava 17:30, a mesa no Bar do Monteiro, já não cabia de tantas “bolachas” de chope. Só então eles resolveram solicitar a conta para se retirarem. Queriam continuar, mas alguns tinham que passar na Companhia a fim de pegarem seus pertences, que haviam deixado lá. Porém o meu amigo foi liberado pelo chefe, Prof. Maciel, para ir embora direto para casa.

Brinde com cerveja

Foto: Vitor Sá

Depois de se levantar da cadeira, é que Pedrinho “sentiu” o efeito dos chopes.

Lutou bravamente com suas pernas, andou em zigue-zague, segurou algumas paredes, mas conseguiu chegar à Estação das Barcas, na Praça XV.

Como seus olhos estavam meios turvos, resolveu consultar um marinheiro, com medo de se enganar e pegar uma lancha que ia para a Ilha de Paquetá.

– Por favor, meu amigo, o Sr. Pode me informar qual é a lancha que vai para Niterói?

O marinheiro com seu bonezinho, nada respondeu.

Meu amigo resolveu elogiar, para ver se conseguia a informação desejada.

– Dr. Marinheiro, roupa bonita a sua. Agora me diga: qual é a lancha para Niterói?

O marinheiro nada falou.

Meu amigo, já nervoso, voltou a dirigir a palavra ao marinheiro:

– Você é muito mal educado!

O marinheiro nem assim respondeu.

Meu amigo fixou bem a vista e percebeu que o braço do marinheiro estava aberto indicando uma direção e que os outros passageiros a seguiam, rumo à lancha.

Pedrinho então resolveu se desculpar com o marinheiro:

– Poxa! Você está ai, indicando o caminho e eu nem percebi.

Alegre com a informação resolveu dar um abraço e desejar feliz ano novo ao marinheiro. O abraço foi forte demais, o marinheiro caiu no chão, juntamente com o meu amigo.

Foi preciso que outros marinheiros levantassem os dois.

Na segunda-feira, à noite, quando ele estava na Estação das Barcas, na Praça XV, resolveu se retratar com o marinheiro.

Não achando aquele com quem conversara, falou com outro marinheiro:

– Ei amigo, onde está aquele marinheiro. Prestativo, baixinho como eu?

– Que marinheiro?

Pedrinho: – Aquele que tinha escrito no boné ” Zé Boreste”.

O marinheiro: – O Sr. Está falando do boneco de madeira? Ele foi para o conserto, pois na sexta-feira um “bebum”, deu um tombo nele.

Com o rosto vermelho de vergonha, meu amigo saiu de fininho.

1 Comentário

  1. José Muniz

    Gostei. Sempre que voltava de Niteroi, me deparava com o Zé Boreste apontando a saída.

    Responder

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