Feliz Ano Novo

por dezembro/2008Crônicas0 Comentários

Hoje eu conto a história de um profissional competente, morador do bairro da Parada 40, aqui em nossa São Gonçalo, trabalhando no Rio de Janeiro. Não sei por que cargas d’água, toda as sextas-feiras, ele toma um “goró” danado. Quando volta na lancha, ele “joga carga ao mar”, ou seja, vomita bem no meio da Baía da Guanabara. Aquilo já é tradição.

No último dia do ano, ele colocou uma roupa especial, parecia até menino que ia fazer a primeira comunhão, toda branquinha inclusive a cueca, “samba canção”.

Lá foi ele trabalhar. No local de trabalho, jogou papel picado pelas janelas, brindou em todas as salas, um vinho aqui, uma cerveja ali, uma cachaça acolá, um conhaque lá, comida que é bom nada. Estômago vazio, cabeça cheia de “alpiste”. E segue o dia, uma escapulida no Bar da esquina, um disco voador (cachaça com caldo de cana), um caju amigo com o velho companheiro.

Fim do expediente, meu amigo resolveu ir ver romper o ano na Praia de Copacabana. Praia cheia, meu amigo é mais um bêbado na praia.

Devido ao calor, meu amigo ingere mais algumas “ampolas” de cervejas. Para enganar a barriga, ele come um cachorro quente que com o calor reinante, tem 90% de possibilidade de estar estragado. Porém meu amigo não está nem aí, aliás ele já “estava pra lá de Tribobó”. É, o cachorro realmente foi uma fria.

Meu amigo passou mal e, como fazia sempre, foi ao mar e despejou toda a sua carga estragada.

Meia noite, os fogos começaram a explodir no ar, a festa era linda, a noite parecia dia, os desejos de um ano maravilhoso se renovavam, aliás brasileiro vive de esperança, sempre assassinadas pelos governantes. Pobre povo brasileiro, o eterno roubado.

Nas areias a fé religiosa de todas as religiões, o branco da paz reina em todos os corpos, garrafas de champanhe espoucam no ar, brindes ao ano novo, há um sorriso no rosto de todos, os braços estão abertos para abraços fraternos, reina a união e a alegria.

Passava das duas horas da manhã, meu amigo, “morgado”, sem ação, é envolvido, a onda vai vagarosamente se retirando para o mar, só então ele percebe o que aconteceu.
– Você vomitou em mim?

A onda respondeu, dando adeus:
– Estou lhe devolvendo tudo aquilo que você despejou em mim ao longo do ano, pois eu não sou lixeira.

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