Konga, a Mulher Gorila

por maio/2022Crônicas0 Comentários

Naquela semana, num certo dia do verão do ano 1967, um calor senegalês, nem uma brisa no ar, asfalto derretendo, dava para fritar ovo não só nas ruas de Bangu, como em qualquer rua asfaltada de Niterói.

Aquela Kombi caindo aos pedaços circulava em todos os bairros fazendo propaganda do grande evento que ocorreria no próximo final de semana ao lado da igreja no Ponto Cem Réis.

No alto falante era anunciada a Konga, a Mulher Gorila.

Todo mundo ficava curioso em saber como ela se transformava em gorila. Era o assunto da semana.

A garotada, como eu, embora com medo, estava muito curiosa. Seria verdade que a moça virava macaco?

Nos bares da cidade havia até homens que, se dizendo machões, faziam apostas para ver quem conseguiria assistir o espetáculo sem ter medo.

À hora marcada do primeiro espetáculo, havia mais gente do lado de fora da igreja do que dentro da mesma.

As apostas continuavam. Namoradas desafiavam os namorados a entrarem para assistir o show. Elas diziam:

– Quero ver se você tem coragem!

Eles afirmavam:

– Vou provar a você que sou homem com H maiúsculo.

Começa o show, o locutor começa a falar e apresenta a jovem bonita. Logo depois diz que a jaula é forte e que a gorila nunca fugiu. Fala também que, quem ficar até o fim do espetáculo sem fugir, vai ter o seu dinheiro de volta.

Já no final do espetáculo, o locutor fala: “calma, Konga! Não adianta querer sair a jaula é forte!”

Mas a gorila consegue abrir a jaula e é uma debandada geral, todo mundo correndo, até quem estava do lado de fora corre. Tem gente correndo até hoje sem parar.

No final só restou uma pessoa sentadinha na plateia. O locutor chegou-se a ele e disse:

– Parabéns, o senhor vai ter o seu dinheiro de volta, o senhor é um homem de coragem!

O senhor falou:

– Por favor, onde é o banheiro?

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