Seu apelido quando jovem era Garotão, bom porte físico, ótimo atleta, praticante de vários esportes, porém o tempo não perdoa e, hoje na terceira idade, já com setenta e cinco no lombo, embora não querendo aceitar, ele tenta enganar a idade, pintando os cabelos, caminhando na praia, remando nas canoas havaianas, jogando peteca na areia da praia.

Tudo isso tentando fugir da dura realidade, a idade avançada. Pobre Garotão!

Na realidade, de jovem ele só tinha o apelido, que adorava quando o chamavam pelo dito cujo. A sua vaidade era tanta que ele nem se dava conta que já era um deboche, uma chacota com ele.
Ele se gabava e dizia: Eu não uso pochete, não fico jogando baralho no banco da praça, não tenho cabelos brancos, não faço palavras cruzadas, tenho boa memoria, não tenho dentadura, não uso cueca samba canção.

No seu aniversário, os netos capricharam nos presentes. Um deu uma pochete, outro deu um par de óculos, o terceiro deu um livro que tinha como titulo “Como Envelhecer sem Traumas”.
Uma filha que era médica deu a ele uma caixa de um remédio e disse: Pai este remédio é muito bom para a memoria, evita o esquecimento nos idosos.

Ele ficou muito brabo: Eu tenho boa memoria e não quero nenhum remédio!

Um dia depois ele foi ao Banco pagar umas contas. Usou a pochete pela primeira vez, colocou os documentos nela, viu como era útil. Recebeu um ligação da esposa: Cuidado com o celular! Guardou-o, foi ao caixa e pagou as contas.

Quando saiu do Banco colocou a mão no bolso da bermuda e deu por falta do celular. Fui roubado dentro do Banco! Voltou correndo, falou com os seguranças, dirigiu-se à gerência. Enquanto aguardava para ser atendido, já nervoso, tremendo, abriu a pochete e lá estava o celular. Justamente naquele momento o gerente o chamou: Pode entrar, o senhor que falar comigo? Não, não, eu esqueci o que ia falar. E saiu de fininho.