Com o seu jeitão, os alunos logo passaram a chamá-lo de Professor Fala Mansa.

Professor universitário, muito capaz, sério, honesto, já chegando aos cinquenta, porém com algumas manias e poucos defeitos. Sendo que o principal era a sua voz, os seus alunos penavam para ouvir as lições dadas pelo mestre na sala de aula.

Se algum aluno questionava a audição das matérias, principalmente aqueles que se sentavam no final da classe, ele logo respondia com uma pergunta: Não está ouvindo? Passa para a primeira fila. Eu sou professor e não leiloeiro, que precisa berrar para tocar o seu leilão.

Com o seu jeitão, os alunos logo passaram a chamá-lo de Professor Fala Mansa.

Final de ano os alunos estavam preocupados, tendo em vista que ele costumava ditar as questões da prova. E assim foi feito. Ninguém resolveu questionar, pois sabiam que não ia adiantar de nada.

No dia da entrega dos resultados da prova, o professor fez um pequeno comentário antes da entrega das mesmas: “Tem alunos que precisam usar cotonete para tirar a cera dos ouvidos, assim poderão ouvir melhor, já os que tiraram um 10 sem o número 1, ou seja ZERO. Coloquei um pequeno presente.”

A curiosidade foi geral. Que presente o professor teria dado?

A turma dos zerados encontrou anexado às provas um cartão de visitas que dizia o seguinte:
“Dr. Surdino Toupeira, especialista em surdez.”