Supermercado: uma Odisseia no Sábado

por julho/2019Crônicas0 Comentários

Na sexta-feira, a esposa avisa:

_ Meu querido, meu amado, pode se preparar.
_ Fala o que você quer com tanto rapapé…
_ Amanhã é dia!
_ Dia de quê?

Ela mostra o jornal. “Bem, isso aqui é um encarte de propaganda de supermercado!” Isso mesmo, amanhã todos caminhos levam ao supermercado, o pau vai quebrar. Sendo assim tenho que vestir uma armadura preparada para a batalha.

No sábado, às 6:00, a esposa acorda o marido:

_ Vamos, tá na hora de acordar.
_ Por que tão cedo? O mercado só abre as 8:00!
_ É que temos que ficar na fila senão não vamos conseguir vaga no estacionamento.
_ Mas nós somos idosos.
_ Você vai ver como tem idoso nessa terra!

Você pensa que existe uma farmácia ao lado da outra por quê? Todas com bom faturamento, as farmácias são o que eram os bares antigamente.

Quando chegaram, a fila dos carros já estava grande. A esposa então sai do carro e vai ficar junto da multidão que aguardava a abertura, pois só assim conseguiria garantir os dois carrinhos, já que a disputa é grande.

De repente uma gritaria digna de um gol. O marido pensa: “Não tem jogo do Brasil, o que será?!” Foi o relógio que marcou 8:00. Começa o jogo! A disputa é grande. Quando ele finalmente consegue adentra no estádio, as vagas já estão quase todas preenchidas, mas por sorte ele consegue uma última vaguinha.

O sufoco é grande, um menino esbarra num dos seus carrinhos. “Vovô, olha a frente que eu tô apostando corrida com o meu carrinho!” Uma senhora idosa plus (ou seja, mais de noventa anos) atropela o seu calcanhar. Um rapaz namorando no seu celular, esquecido da vida, para com o seu carrinho no meio do corredor, engarrafando o trânsito. Uma balbúrdia geral.

O pior quando chega um carregamento de produtos em ofertas, aí que o couro come. Todo mundo que aproveitar, é um vale tudo. A esposa, que é uma guerreira acostumada a essa refrega, coloca o marido com os carrinhos numa zona neutra, ou seja, perto da saída do depósito. Enquanto isso ela vai pegando as mercadorias em uma caixa e trazendo para os carrinhos.

Num momento em que ele vai pegar um produto para uma senhorinha no alto de uma prateleira, num ato de ajuda ao semelhante, alguém já ia levando um dos seus carrinhos. Guerra é guerra! Convém lembrar que muitas das ofertas estão com os prazos de validade prestes a encerrar.

Finalmente chegam à fila do caixa, outra luta grande. Pessoas, ao chegar no caixa, verificam que o dinheiro não vai dar para as compras todas. Outros que o cartão não passa. Tem de tudo. Tem ainda aquelas pessoas que se dividem em duas filas: quando você pensa que a sua fila está pequena, de repente chegam mais alguns carrinhos cheios de pessoas da outra fila.

Depois disso os guerreiros chegam a casa e desmaiam.

Isso é ou não é uma Odisseia?

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