É sabido que Vasco e Flamengo são os dois maiores clubes do Rio de Janeiro e muito já se escreveu sobre as disputas futebolistas entre eles.

No entanto, garanto a vocês que a história que vou contar hoje é inédita.

O fato ocorreu uns trinta anos atrás, e foi-me contado pelo artista principal do espetáculo. Recém-chegado do interior do Estado do Rio de Janeiro, aquele jovem sonhador estabeleceu-se em Duque de Caxias, pois lá existia uma pensão cujo valor dava para ele pagar, tendo em vista que o dinheiro que seus pais davam era muito curto para cobrir as despesas inerentes ao seu estudo na faculdade de direito no Centro do Rio.

Ele todo dia encarava um trem cheio, acordava cedo e dormia tarde. A luta diária era enorme, porém o seu sonho de se tornar um advogado falava mais alto só em pensar na alegria dos seus pais quando chegasse em sua cidade natal com o diploma em mãos. Seria uma festa total!

Meu amigo era um torcedor ferrenho do Vasco, um dos poucos torcedores daquela pensão, só que ele não discutia nem apregoava a sua condição de vascaíno. O cozinheiro, garçom, o faz tudo da pensão, o Belarmino, era uma pessoa boníssima, porém feio que dói. Não sei se, a título de gozação, todos o chamavam pelo apelido: Belo.

Meu amigo percebeu que alguns pensionistas, na hora do rango, sempre recebiam um pedaço a mais da carne, do frango ou do peixe. Perguntando ao Belo o porquê, ele respondeu que os meninos eram flamenguistas como ele. “E você qual é o seu time?”

Sem titubear, meu amigo responde mais que depressa: Flamengo, desde garotinho.

A partir deste dia ele passou a receber também dois pedaços de bife. E o flamengo ganhou mais um torcedor.